A História da Música: Custódia, Saudades e Lembranças
Custódia, Saudades e Lembrança
[Verso 1]
Um taco do sertão do meu Brasil
Menina dos olhos de Pernambuco
Não sei ao certo qual a tua origem
Custódia, berço, minha mãe gentil
[Verso 2]
Terra onde pisou Lampião
Seu Jorge no rastro da chinela
Dos poemas de Sevy me lembrei
Com tia Ceiça minha primeira lição
[Refrão]
Custódia prende meu coração
Saudade dos meus tempos de menino
Das feiras do parque de Adamastor
Das missas celebradas aos domingos
[Verso 3]
Do doce cheiro da Tambaú
Em Zé das Máquinas um bom filme eu vi lá
Ao som dos Ardentes eu dancei
Com Neta Góis conheci o bê abá
[Verso 4]
Terra de Ernesto Queiroz
Terra do mito Luizito, em seu Domingos
Na Casa Góis eu comprei
Um candeeiro, uma viola e um brinco
[Ponte]
O brinco eu dei ao meu amor
O Candeeiro ao som de um sanfoneiro
A minha viola a lua quem contemplou
E a saudade aqui dentro do peito
[Verso 5]
Pra onde voou o carcará
De onde surgiu o cariri
Nos carnavais seu Joventino a brincar
No mela-mela ao banho de chafariz
[Verso 6]
Torrão do padroeiro José
Do ilustre Orlando Ferraz
De Totonho, Osório e Zé Florêncio
Do enfermeiro Antonio do Posto um ás
[Verso 7]
Zé Caboclo nessas bandas tocou
De Luiz Gonzaga a triste partida
No coração a saudade ficou
De lembranças da minha terra querida
[Coda]
Como poderia esquecer
Das oratórias de Dr. Pedro
Do meu vizinho Luiz Amaral, De Gerson Pinto
E Silvio Carneiro, Anfilófio e seu Chico Eugênio
Ilustres filhos Custódia é o berço
A História da Música: Custódia, Saudades e Lembranças
Por Plínio Fabrício – Dedicada à minha mãe
No ano de 2015, precisei viajar para Recife para me tratar de fortes dores de cabeça. Recordo-me que estava muito doente na época, e era necessária aquela viagem. Viajei com um sentimento de saudade e preocupação. Passava um filme na minha cabeça, dos momentos que vivi na Rua da Várzea, onde eu cresci. Para mim, o mundo girava naquele lugar. Carnaval, São João, era lá onde tudo acontecia.
Ao entrar na Van, no banco de trás que sentei, encontrei um pedacinho de papel rasgado e amassado da bandeira de Custódia. Fiquei com ela na mão e a saudade apertou, antes mesmo de sair dos limites da cidade. Então veio a primeira frase:
"Um taco do sertão do meu Brasil".
Na cabeça a frase, na mão o taco de papel e no coração a saudade. Então, peguei o celular e comecei a gravar o poema:
"Menina dos olhos de Pernambuco" — frase que sempre ouvia do meu professor Dr. Pedro Pereira.
"Não sei ao certo qual a tua origem" — existem duas versões que deram origem ao nome Custódia.
"Berço, minha mãe gentil" — lugar onde nasci e cresci.
Formava-se assim a primeira estrofe na composição de versos decassílabos, no sentido mais poético do que histórico.
A parte histórica começa na segunda estrofe:
"Terra onde pisou Lampião" — Lampião e seus cangaceiros estiveram por várias vezes de passagem no Riacho do Gado, próximo à Serra de João Dias.
"Seu Jorge no rastro da chinela" — Seu Jorge foi meu vizinho e amigo do meu avô. Foi soldado da volante que perseguiu Lampião. Ficava encantado com as conversas e sentava quietinho ao lado do meu avô, imaginando aquelas histórias.
"Dos poemas de Sevy me lembrei" — fazia pouco tempo que havia lido um poema de Sevy em um blog da cidade.
"Com tia Ceiça, minha primeira lição" — minha primeira professora do ensino público, isso marcou bastante minha vida.
Também poderia citar: tia Cecy Rafael, tia Marlene Feitosa, tia Leônia Simões, tia Lindinalva Almeida e minha mãe. Sem elas, não estaria aqui escrevendo!
"De seu Florêncio os tiros de bacamarte, a festejar as noites de São João" — meu vizinho, amigo do meu avô, pois o mundo girava naquela Rua da Várzea.
"Devoto de Padim Pade Ciço" — santo tradicional do sertão.
"Com mestre Lunga aprendi um montão" — ah, mestre Lunga! O meu avô, a minha vida! Com ele aprendi tanta coisa. Uma coisa ele sempre me pediu: fazer as coisas com amor. Rígido, mas amoroso, reclamava que eu tocava violão muito ruim. Seguindo o seu conselho, esforcei-me para aprender violão. Mas não deu tempo de ele escutar que havia aprendido, pois Deus precisou dele.
O Refrão:
"Custódia prendi meu coração",
"Saudade dos meus tempos de menino",
"Das feiras do Parque de Adamastor" — parque esse feito de madeira onde eu brinquei muito nas festas tradicionais da cidade.
"Das missas celebradas aos domingos",
"Do doce cheiro da Tambaú" — Fábrica de Doces, orgulho da nossa cidade.
"Em Zé das Máquinas um bom filme eu vi lá".
Aqui entra a figura da minha mãe na música. Voltei do Recife após 23 dias e trouxe a música, mas queria mais informações das pessoas que se destacaram ao longo da história. Pedi à mainha que escrevesse os personagens e as suas respectivas histórias — e assim ela fez. Aí foi um quebra-cabeças para rimar nomes próprios para formação dos versos, mas fui tentando.
"Ao som dos Ardentes eu dancei" — banda baile tradicional da cidade nas décadas de 60 e 70.
"Com Neta Góis conheci o bê-a-bá" — professora de bastante referência da nossa terra.
"Terra de Ernesto Queiroz" — prefeito nos anos de 1939 a 1944 / 1947 a 1951 / 1959 a 1963.
"Terra do mito Luizito" — prefeito nos anos de 1977 a 1983 / 1993 a 1995.
"Em seu Domingos, na Casa Góis, eu comprei: um candeeiro, uma viola e um brinco" — Seu Domingos, um dos primeiros comerciantes de Custódia e fundador da Casa Góis.
"O brinco eu dei ao meu amor / o sanfoneiro à luz de um candeeiro / a minha viola a lua quem contemplou / e a saudade aqui dentro do peito" — versos poéticos, completando assim a segunda estrofe.
"Pra onde voou o Carcará" — pássaro típico do sertão.
"De onde surgiu o Cariri" — era um bloco carnavalesco que saía no sábado de carnaval, após o Zé Pereira.
"Nos carnavais seu Joventino a brincar, no mela-mela ao banho de chafariz" — na Rua da Várzea existia o chafariz, onde a população brincava o carnaval. Seu Joventino era um desses foliões que marcaram aquelas festividades.
"Torrão do padroeiro José" — São José, o Santo Padroeiro de Custódia.
"Do ilustre Orlando Ferraz" — Dr. Orlando, médico de família tradicional e um dos primeiros a exercer a função na cidade.
"Totonho, Osório e Zé Florêncio" — figuras ilustres, sendo Zé Florêncio prefeito em 1963 a 1964.
"Do enfermeiro Antônio do posto, um ás" — enfermeiro de grande conhecimento na área.
"Zé Caboclo nessas bandas tocou / de Luiz Gonzaga a Triste Partida / no coração a saudade ficou / de lembranças da minha terra querida" — uma das estrofes mais importantes da música, nela encontra-se, na sua poesia, o título que dá origem à canção:
“Custódia, Saudades e Lembranças”.
"Como poderia esquecer / das oratórias de Dr. Pedro / do meu vizinho Luiz Amaral / de Gerson Pinto e Silvio Carneiro (prefeito de 1969 a 1973) / Anfilófio e seu Chico Eugênio" — ilustres filhos que se destacaram para o crescimento e desenvolvimento da nossa querida Custódia.
Custódia, 11/09/2019
Por Plínio Fabrício
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